Japão
2019-03-06
2009 era o meu último ano de faculdade, naquele tempo, o aluno do curso de desenho industrial possuía apenas 6 meses para fazer um TCC. Em meados do segundo semestre, tive uma ideia ambiciosa, não faria apenas um produto visual, mas algo que pudesse me dar um gancho para o mestrado. A algum tempo que anda estudando o impacto das mídias digitais, tive a seguinte ideia:
Um livro de história Japonesa que traria um e-learning em forma de jogo, onde o usuário poderia viajar em uma cidade do Japão feudal!
Pedi aos professores que me reprovassem aquele semestre, pois precisaria de mais tempo para fazê-lo. Precisaria estudar programação, fazer modelos 3d, ilustrações, escrever um livro e muita pesquisa.
Eu sempre almejara o MEXT (programa de bolsas de estudo do Governo Japonês) , desde o início do ano que eu me preparava diariamente para as provas de japonês, estudava diariamente, e mantive tal rotina de estudos até a prova.
Em 2010, finalmente chegou o momento. Confesso que estava bastante nervoso, pois este era o momento o qual eu dedicara boa parte de minha vida. Muitos conhecidos meus jamais haviam passado da primeira fase.
Recolhi todos os documentos e apresentei um projeto de mestrado em e-learning. Fui aprovado na primeira fase. Fiz as provas de Inglês e Japonês, e também fui aprovado.
Coincidentemente, minha defesa de TCC caiu muito próxima da entrevista do mestrado.
Me apresentei ao consulado geral do Japão em uma segunda feira.
Após breve espera, fui chamado a entrevista. Uma leve apresentação, perguntaram-me sobre meu projeto.
Foi um completo desastre! Estava tão nervoso que gaguejei, além de tentar alternar minha explicação entre um idioma e outro.
A banca perguntou o que minha formacão de Design Gráfico tinha a ver com educação e e-learning (-Tudo! Por um acaso estes impostores nem se quer leram meu projeto? Então por que diabos tive o trabalho de prepará-lo?), e após uma explicação pobre, pude ver que a entrevista não iria muito além. Perguntaram-me se já havia morado em um país estrangeiro ao que respondi negativamente. E por fim, lancei minha última carta: minha admiração pelo Japão, e como estive todos aqueles anos envolvido em eventos culturais, exposições. Foi me dito que se gosto tanto assim, deveria viajar para lá!
Você encontra todas as informações no site do consulado geral do Japão mais proximo ou da embaixada.
E assim terminou a minha primeira tentativa. 2 anos mais tarde, voltaria mais preparado, porém desistiria, tendo conseguido uma outra oportunidade profissional em outro país na Ásia.
O Monbusho
A primeira fase consiste em reunir cuidadosamente uma série de documentos, preencher formulários, histórico acadêmico, e apresentar um projeto de pesquisa.
Evite projetos que tenham seu foco no Japão, procure algo que dará frutos não só a sua carreira profissional / acadêmica, mas também trará contribuições diretas a sociedade brasileira. Tal abordagem lhe dará grande apelo.
Pense em qual o diferencial que uma universidade Japonesa pode oferecer a sua pesquisa.
Faça um favor a si mesmo, procure na internet uma Universidade Japonesa que possui uma linha de pesquisa, um programa de mestrado semelhante ao seu, e entre em contato. Mostre seu interesse em ser aluno. Dever de casa!
A segunda fase e a prova de idiomas, onde serão testados os conhecimentos de Ingles e Japonês.
E por fim, na Terceira fase dá-se a entrevista com uma banca composta por ex-bolsistas e funcionários do consulado.
Faça uma breve apresentação, conte um pouco de seus histórico acadêmico e profissional. E então, parta para a parte mais importante, explique o seu projeto. Introduza-lhes o campo, explique seus objetivos e quais as ferramentas que você utilizará, qual o diferencial que o Japão lhe proporciona. Conte-lhes que você já tem uma instituição em mente, e já entrou em contato para verificar se seu projeto casa com a linha de pesquisa deles (o dever de casa!).
Fui derrotado pelo nervosismo, e não usei minha carta mais forte, o meu TCC, que poderia ter esclarecido a banca de forma prática e atraente o nível avançado de meu projeto.