Como cheguei a Ásia

por

Asia Vietnam

2019-03-06

Quando tinha 18 anos de idade, ouvi a seguinte frase: A oportunidade é como um cavalo, quando tentamos agarrá-la, alcançaremos apenas sua cauda.
Desde então passei a viver sob tal pensamento.

Através de um amigo, conheci a Aiesec, uma organização internacional de estudantes, que organiza várias oportunidades de estágio e projetos voluntários através de empresas, pelo mundo. Me inscrevi então, em 2011, e passei a procurar uma oportunidade na Ásia.
A Aiesec é uma organização interessante, com uma cultura jovem, e quase uma mitologia própria, com todo um vocabulário e estrutura peculiares.
As remunerações dos programas de estágio geralmente são baixas, mas o suficiente para se viver tranquilos no país de destino.

Quando entramos, temos um body, um parceiro que nos orientará em todo o processo.
A Aisec prepara seus membros, sobre como escrever um currículo, procurar as oportunidades, se comportar nas entrevistas e como é a experiência de se viver em um país estrangeiro. Deixam bem claro que haverá choques culturais e sobre a responsabilidade de representar o Brasil, através de bons comportamentos.

Na minha época, a maior parte dos membros brasileiros destinados a viajar eram estudantes de pós graduação ou recém formados, em contraste com os estrangeiros que são constituídos em sua maioria por estudantes de graduação em seu segundo ano. No Brasil, como universitários não possuimos a cultura(oportunidade) dos trabalhos de bico para nos manter. Em geral, precisamos estagiar ou arranjar um emprego (mesmo asssim sendo bastante concorrido e com baixas remunerações). Por isso é mais fácil para alguém recém graduado conseguir pagar uma passagem internacional.

Acessando o banco de vagas, busquei por oportunidades relacionadas a minha área (Design Gráfico).
Recebi um convite para ir ao Egito, trabalhar em uma agência de publicidade, fiquei tentado, mas a situação política estava bem acalorada na época.
Recebi convites do Egito, Índia, China, mas por causa da minha teimosia, limitei minha prioridade ao Japão, China e Vietnam (levei algumas broncas por isso).

Em março de 2012, pedi as contas na empresa onde era efetivo, e me concentrei unicamente em estudar para a prova do mestrado do governo Japonês e procurar oportunidades da Aiesec. Comecei a receber finalmente vários convites de oportunidades como professor de inglês em jardins de infância no Japão e uma oportunidade em uma empresa Japonesa de jogos no Vietnam.

Começaram as entrevistas, por causa do fuso horário, ia dormir muito tarde, muitas vezes tinha que acordar de madrugada. Fazia entrevistas em inglês e japonês, primeiro com os membros da Aiesec local, responsáveis pelas vagas, e depois com as empresas.
Falava sobre minha formação, meu interesse no Japão. Tive até que cantar uma música para criança numa entrevista com um professor do maternal.
Às vezes vestia um terno com a calça do pijama. Durante o dia ia atras de documentos, cópias de diplomas e certificados.
Foi uma fase muito cansativa e de incertezas. Sou muito grato a meus professores da PUCPR e da UFPR continuaram a me orientar mesmo neste período.

Fui finalmente aprovado em duas entrevistas: um jardim de infância em Tokyo e a empresa no Vietnam.
Não foi uma escolha fácil. Finalmente, após mais de 10 anos de muita luta eu tinha o Japão ao meu alcance! Mas esta oportunidade de estágio como professor de inglês oferecia um programa de apenas 3 meses enquanto o estágio no Vietnam oferecia 1 ano em minha área de formação. Escolhi o Vietnam.
Tive que pedir desculpas a responsável da Aisec no Japão, porem fui orientado pela Aiesec Brasileira para não desistir de minha decisão, pois não havia feito nada de errado, ja que não tinha me comprometido com nenhum contrato.

Passei a correr atrás de documentos para dar entrada na carta de convite, necessária para emitir o visto na imigração no Aeroporto.

A oportunidade é como um cavalo, quando tentamos agarrá-la, alcançaremos apenas sua cauda.

Em apenas duas semanas fiz todos os preparativos e embarquei para Saigon (Cidade de Ho Chi Minhn) no Vietnam.
Fui recebido no Aeroporto Tanh Son Nhat, pela Aiesec de Saigon e por dois colegas da empresa Grateful Days onde iria trabalhar. A empresa providenciou alojamento (morei provisoriamente num hotel por 3 meses até ser transferido para um confortável sobrado), e sempre cuidou dos vistos que tinham que ser renovados constantemente. Recebia um salário inicial de 300 dólares (acredite, se faz maravilhas no Vietnam), moradia (com todas as contas inclusas) e alimentação. Desempenhei atividades de marketing / design.

Participava de algumas atividades promovidas pela Aiesec para promover o intercâmbio dos estrangeiros com a cultura local, e fiz boas amizades.
Depois de um ano, escolhi ficar e fui efetivado. Acabei ficando 4 anos e 8 meses no Vietnam, país que considero uma de minhas casas.