Como os japoneses encaram problemas

por

Japão

2020-01-16

Numa noite de 2012, a estudante japonesa Yurika Masuno desembarcava no aeroporto de Bucareste, onde pegaria um táxi até a estação de trem local, para ir até Craiova, a cidade romena onde ela deveria ensinar Japonês.

Foi recebida com cortesia pelo jovem de 26 anos, Vlad Nicolae, que ofereceu acompanha-la na viagem de táxi e orientá-la até o trem. O rapaz não só pediu para o motorista ir na direção oposta como para parar em uma região próxima a uma mata. Ele a violentou, estuprou e por último a estrangulou até a morte, ficando com seus pertences.

Fiquei sabendo desta notícia por minha colega de trabalho e membro da Aiesec Japão, logo que aconteceu. Ela me contou o ocorrido e me pediu para não comentar o caso. Logo notei como todos os japoneses da Aiesec adotaram uma postura semelhante, pedindo para que não se fala-se mais no assunto quase como um Tabu. Não demorou muito, o caso caiu na imprensa internacional, e por desconhecerem a estrutura da Aiesec, responsabilizou-se a Aiesec Japão. Vários artigos mostraram indignação pela estudante ter sido enviada sozinha para um país estrangeiro, e o posterior silêncio por parte da Aisec Japão.

Fiz a seguinte análise: Em primeiro lugar, num intercâmbio da Aisec, a divisão a qual o candidato faz parte é responsável pela sua preparação, mas a recepção, preparação de alojamentos e  toda a ajuda com o cotidiano é de total responsabilidade dos membros locais, no caso Aiesec Romênia.

Houve de certa forma um mal entendido por parte da imprensa ocidental na abordagem dos problemas por parte da Aisec Japão. O povo Japonês costuma encarar os problemas de uma maneira diferente. Depois de tomar as providências cabíveis, não gostam de falar sobre o ocorrido, para preservar aparências, e também porque o que passou passou. Enquanto o ocidente quer saber todas as circunstâncias do erro, o japonês evita ao máximo justificar os seus erros, porque isto seria visto como mera escusa. Pede-se desculpas e não se fala mais no assunto.

Hoje vejo que Aisec Japão deveria, sim garantir que houvesse uma recepção por parte dos membros romenos, e o mais importante, deveria preparar melhor os seus membros para encarar o mundo, que é um lugar muito mais agressivo que a segurança do arquipélago japonês.