Vietnam
2018-09-26
Certo final de tarde decidi visitar o templo budista mais próximo de casa, o templo Vạn Hạnh, é um local agradável, seu edifício principal diferente de alguns templos, é sóbrio e silencioso, sem muitas cores ou lâmpadas.
Após fazer minhas orações, um número de praticantes já se reunia no prédio principal, e em uma das portas, alguns alunos conversavam com um monge de vestes abóbora. Sentindo-me curioso, fui até ele para conversar, mas logo foi me apontado outro monge: Hin! He is english master!
Após alguns minutos de conversa com este novo monge, fui convidado a ir ao seu alojamento para que continuássemos. Subindo um lance de escadas até o ultimo andar do monastério, chegamos em fim ao seu quarto. Chamou-me a atenção a mobilha chinesa, aquelas cadeiras típicas do século XIX e o aparelho de chá. O quarto era de uma decoração caprichosa, em cima da mesa, uma estatueta da deusa Kanon, algumas obras de caligrafias, em frente a um papiro egípcio uma imagem de Guan Yu, e um ambiente simples e agradável. Sentamo-nos, e o monge pôs-se a disposição para responder perguntas, enquanto tomávamos o chá. Seu nome é Tam Hanh, formado pela universidade de Dheli em estudos Budistas, morou na Índia durante uma década, onde aprendeu inglês.
Atualmente leciona na Universidade de Ho Chi Mihn. Ele me falou sobre a diferença entre o budismo Theravada e Mahayana, sobre amor, sobre como o ódio é perigoso. “Enjoy life”, me dizia, “find a simple way of life”. Conversamos por cerca de uma hora.
A vida do monge ainda é um assunto cercado de mistérios para o ocidental. Particularmente diria que o único mistério é a forma como compreendem a simplicidade da vida. Ao contrário do senso comum, o monge não vive isolado da sociedade, mas é parte dela, algo semelhante a flor de lótus, símbolo da iluminação. Tal flor alcança seu esplendor em terreno difícil, em meio ao lodo. O monge possui um papel importante, deve orientar os fieis e é responsável também por importantes obras de caridade. No Vietnam também fazem serviços de funeral. Muitos monges trabalham como professores, como é o caso de Tam Hanh, são versados também em escrita chinesa.
“Procura um modo simples de vida, se desapegando ao desnecessário e tudo aquilo que poderia lhe desviar a atenção, evitando excessos.”
Um monge budista possui várias obrigações dentro do templo, dependendo de seu nível e função. Deve dedicar boa parte do seu tempo ao estudo. Segundo Tam Hanh um monge não faz nada mais do que seguir a risca o meio de vida correto segundo o budismo. São vegetarianos e mantém se afastados de hábitos nocivos como o fumo ou a bebida alcoólica. Os trajes e as cores variam de acordo com a escola, mas possuem tradição de serem confeccionados com o tecido mais barato. Por exemplo, em algumas regiões da Ásia o tecido tingido de marrom era o mais barato. Todos são bem vindos ao templo para a prática. Algumas escolas iniciam mulheres como monjas, raspando seus cabelos e vivendo em monastérios. Segundo Tam Hanh, os ensinamentos de Buda são como um barco que tem a função de conduzir o ser humano pelo rio (samsara) até a outra margem, a iluminação.